C r i m i n a l i d a d e . e c o n ô m i c a . e . o . m u n d o . j u r í d i c o

                                                                                        
_____________________________________________________________________________________________

2010-02-05

Ensaio sobre o mundo moderno sem normas

Fico imaginando, como seria o mundo de hoje sem a infinidade de normas que atualmente nos rodeiam. Definitivamente é uma tarefa difícil. Por mais que neguemos a importância das normas, estas fazem parte do nosso quotidiano e, querendo ou não, existem para nos garantir um mínimo razoável de segurança às infinitas relações sociais que nos inserimos.

A partir do momento que acordamos e saímos de casa já nos depararíamos com uma situação um tanto desagradável, na direção de nossos carros dependeríamos da gentileza de centenas de motoristas ansiosos e atrasados para o início do expediente de trabalho, que, a propósito, seria bem mais estressante com o que estamos acostumados, já que sem normas que protegem o trabalhador demissões seriam bem mais freqüentes, aliadas é claro ao baixíssimo salário que seria oferecido, é pegar ou largar!

(BUM! Droga! Bateram no meu carro. Cheguei dois minutos atrasado e fui demitido. Faz parte!)

Ah! Talvez essa maior fluidez nas relações trabalhistas seja até bom, talvez assim os produtos ficassem mais baratos já que os custos de produção foram reduzidos. Se bem que, pensando melhor, a qualidade dos produtos, que sem fiscalização – já que não existiriam normas técnicas de controle de qualidade – seriam constante motivo de dor de cabeça, e nem pense em reclamar, estragou problema é seu! Não existe essa coisa de garantia legal. E não se esqueça, se o produto fez lhe fez algum mal, azar o seu, ou melhor, culpa do destino.

(Por falar nisto tenho que fazer compras, já estamos sem comida em casa, pena que fui demitido antes de receber meu salário, que a propósito já estava dois meses atrasado. Agora já era! Vou pegar um empréstimo.)

Sem o controle normativo do Estado, aliada ao caos que é a economia, não tardaria para novamente ingressarmos em uma avalanche inflacionária, só conheceríamos a moeda escritural (fictícia) que o banco nos ofereceria e que seria o maior combustível desta inflação. Por sorte as celebrações de contrato com o banco seriam rápidas, bastaria simplesmente assinar um contrato simples, pena que redigido em mandarim. Tanto faz ninguém lê contrato mesmo.

(Beleza! Saquei cem reais, já estou com o dinheiro emitido pelo próprio banco no bolso, já dá para passar o mês, pena que o comércio já fechou, melhor ir para casa.)

Pelo menos não existiria a muito contestada obrigação de criar os filhos, pena que e as ruas ficariam cheias de menores abandonados. Mas quer saber!? A culpa não seria minha, nem dos pais que abandonaram os filhos, nem do Estado, nem de ninguém.

(Virando a esquina de casa... BUM! Aff! Outra batida no meu carro! Paro no portão de casa e vem um moleque com uma faca no meu pescoço.)

Num mundo como esses não haveria nada que fosse proibido, não haveria punição pelo Estado, não haveria crime, muito menos penitenciárias. A regra seria, faça o que for preciso para proteger seu interesse. Se vire!

(Depois de entregar o carro amassado e os cem reais do banco que estavam no meu bolso – Você quer o que?! Ele estava armado, não pude fazer nada – me resta ir para casa dormir e passar fome.)


Em uma realidade sem leis não haveria o porquê de existir juízes e tribunais, se fosse necessário resolver qualquer questão resolveríamos do nosso jeito, com aquilo que dispuséssemos e da forma como quiséssemos.

(Na manhã seguinte acordo com a campanhia tocando. É o cobrador do banco, que veio buscar os cem reais que peguei de empréstimo mês passado mais os 473,38 reais de juros. Óbvio que não tenho. Fácil, ele mete um tiro na minha testa e fica com a minha casa, problema resolvido, estava no contrato.)

Definitivamente, não gostaria de um mundo assim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário